O Desafio das Igrejas para Alcançar um Público Mais Jovem

No meu curso de Especialização e Formação Pedagógica para Graduados, concluído em 2018, pelo Centro Paula Souza para me tornar um professor licenciado nas disciplinas profissionalizantes, aprendi e estudei bastante sobre a classificação das gerações.

Apesar de não ser uma tarefa fácil, tanto dentro, quanto fora do Brasil, existe um consenso que, a nível mundial, aceita a existência de quatro gerações, a saber: Baby Boomers, X, Y, também conhecida como Millennials e por último a geração Z.

Assim como a escola tem um grande desafio em promover inclusão social com a educação de jovens e adultos, implantar projetos de ensino com vistas as características de cada geração para facilitar o aprendizado e a formação.

A igreja também precisa levam em consideração essas características, mormente quando se traduz o interesse em alcançar um público mais jovem.

Uma pesquisa recente feita por um instituto norte americano chamado Instituto Barna, demonstrou que quando se trata dos atuais desafios da igreja, mais da metade dos dirigentes de igrejas protestantes, 51%, disseram que alcançar uma audiência mais jovem é uma das questões mais importantes para o seu ministério.

A pesquisa mostrou ainda que uma boa fatia dos pastores, 23% mostraram que há uma falta de treinamento para desenvolver novos líderes, desde 2017, apenas 15% dos pastores tinham até 40 anos de idade, mostrando a necessidade de pastores mais jovens no ministério pastoral.

Outro dado bastante interessante da pesquisa, com relação ao quesito jovens líderes, é que 7 em cada 10 pastores afirmam que está a cada dia mais difícil encontrar cristãos jovens e maduros que queiram seguir o ministério pastoral.

Nós já escrevemos um artigo, que você por ver aqui, onde afirmamos que “o desafio das nossas igrejas e da nossa liderança cristã é trazer essa grande massa, essa nova geração, para ouvir, e seguir a palavra de Cristo…”, a massa da qual falamos é justamente os jovens e que existe a necessidade de a igreja “evoluir tecnologicamente” junto com eles.

É importante que que se consiga entender que esse “novo comportamento” dos mais jovens não se reflete apenas na vida religiosa, é um traço dessa geração, que tem interesses e características próprios e se refletem também em sua postura profissional e em suas relações de consumo.

Neste artigo vamos nos aprofundar um pouco mais no estudo das gerações para que posamos entender sobre as características de cada uma, seus interesses, sua visão de mundo, comportamento profissional e relações de consumo.

Primeiramente vamos falar sobre a geração Baby Boomers que são aquelas pessoas nascidas entre os anos de 1940 a 1960.

No fim ou após a segunda guerra mundial, esse termo pode ser traduzido para o nosso português como “explosão de bebês” e foi um fenômeno social ocorrido nos Estados Unidos, Canadá e Austrália onde os soldados voltaram para suas casas e conceberam seus filhos que nasceram na mesma época.

Geração Baby Boomer

A geração Baby Boomer foi muito mais do que uma explosão demográfica, nessa mesma época televisão se popularizou e influenciou o comportamento desses jovens, tendo papel de mensageira e mobilizadora, dispensava a juventude uma grande importância para o seu tempo.

Eles influenciaram o papel dos jovens e das mulheres na sociedade, tiveram ampla participação na revolução dos anos 60, e em vista de haver uma diferença cultural muito grande entre eles e seus pais, desenvolveram estilos de vida e cultura próprios e usaram a tv como principal ferramenta de comunicação.

Geração X

Depois da geração Baby Boomer surgiu aquela que chamamos de geração X, são os filhos da geração anterior nascidos na década de 60 e 70, foi quando começou a surgir a internet como novo meio de comunicação.

Os integrantes dessa geração formavam uma sociedade onde havia descrença no governo, pouco entusiasmo com a política, descrédito das lideranças, houve um aumento considerável do número de divórcios e de mães que mudaram a maneira de se relacionar com a sociedade.

Essa geração também passou a se preocupar mais com a destruição ambiental e a valorizar as questões ecológicas, como dito mais acima, esta geração marcou o início da internet, aliás, a maior de suas características, e o fim da Guerra Fria.

Geração Y

Também conhecidos como millenials, a geração Y é composta pelas pessoas nascidas nos últimos anos da década de 70 e os primeiros anos da década de 90, cresceram cercados por avanços tecnológicos, uma boa fase na economia mundial e muitos facilitadores do cotidiano das pessoas.

É primeira geração a ter contato mais direto com a tecnologia, quando se tornaram adultos a internet estava em franca evolução, eles mudaram a lógica da economia com seus novos hábitos de consumo, desta forma obrigaram as empresas a reinventar suas estratégias de marketing.

Os millenials tem como principal diferencial o seu elevado grau de inovação e de informatização, cresceram num ambiente urbano e, no Brasil, em um país com estabilidade econômica, eles são os primeiros a encarar o computador e a internet como algo comum do dia a dia, por isso dominam essas ferramentas com muito mais facilidade.

Geração Z

São os nascidos no período entre o final dos anos 90 e 2010, eles nasceram em plena era da internet, e então desde pequenos já são familiarizados com todas as facilidades que a tecnologia, principalmente a internet, nos propicia.

Em relação as outras gerações essa é a que melhor compreende o funcionamento das ferramentas voltadas a tecnologia, eles não conhecem o mundo sem internet e computadores e desde muito pequenos já se entendem muito bem com todo aparato tecnológico disponível.

No campo profissional, são independentes, desconfiados, não gostam da ideia de trabalhar a vida toda numa única empresa, essa geração ainda está em formação, muitos chegando agora no mercado de trabalho, são idealistas da flexibilização das relações de trabalho e além de gostar se adaptam a tudo que envolve o binômio trabalho e tecnologia.

Tem ainda como característica marcante a responsabilidade social, possuem um nível alto de ansiedade, não tem apego as relações sociais e nem a fronteiras geográficas, entretanto prezam muito a exposição das próprias ideias.

Porque Estamos Falando Sobre a Classificação das Gerações

Você pode estar se perguntando o porquê disso tudo, é justamente para tentarmos responder o resultado da pesquisa citada no começo do texto que concluiu duas coisas muito importantes para as igrejas evangélicas de modo geral, a saber:

  • Mais da metade dos dirigentes das igrejas acha um grande desafio trazer os mais jovens para a igreja;
  • Existe uma falta de treinamento para desenvolver novos líderes, onde a grande maioria dos pastores já tem mais de 40 anos de idade.

Voltando a nosso estudo, veja que a classificação das gerações tem como foco principal o envolvimento com a tecnologia e os avanços da internet e comparando as duas primeiras gerações (Baby Boomer e Geração X) elas tiveram pouco contato com a tecnologia na infância e na adolescência, ambos vieram a conhecê-las no ambiente de trabalho, já na fase adulta.

Em contrapartida as outras duas gerações já nasceram num ambiente totalmente voltado a tecnologia, vivem conectados, tem muita facilidade com a tecnologia, fazem várias coisas ao mesmo tempo, não gostam de hierarquia.

Não que isso vá resolver todos os problemas apontados na pesquisa, claro que não, mas os estudos mostram claramente que os mais jovens, esses que os dirigentes acreditam ter o desafio de trazê-los para a igreja, tem como ponto crucial de suas decisões o uso da tecnologia, entre outros fatores característicos de sua geração.

Esses jovens procuram trabalho nas empresas que ofereçam flexibilidade, empresas engessadas e inflexíveis não funcionam para esses jovens, também tem preferência por empresas éticas, não seria da mesma forma ao procurarem uma igreja para congregar? Possivelmente sim.

Por isso que sempre dissemos em nossos artigos que as igrejas precisam “evoluir tecnologicamente” e passar a valorizar outras questões, seja no âmbito social, ambiental, ecológico, obviamente que sem deixar de lado o evangelismo, mola mestra da igreja de Jesus Cristo, com vistas a também atingir esses jovens.

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