Dentro do assunto, finanças e tesouraria, no artigo anterior desta série, falamos sobre a importância da Tesouraria da Igreja, definimos a etimologia do nome, discorremos sobre a personalidade jurídica da igreja e muito mais.
Diz o ditado popular que “o dinheiro não leva desaforo para casa” e isso, apesar de parecer uma brincadeira, é muito sério e deve ser interpretado como que para lidar com o dinheiro existem regras e regras são essenciais para que o dinheiro não seja um problema em nossa gestão.
Na vida pessoal, cada um de nós tem a sua própria maneira de lidar com o dinheiro. Uns tem controle absoluto sobre cada valor que entra e sai, alguns se contentam com controles mais flexíveis e outros não controlam nada.
Nas instituições, principalmente nas organizações religiosas é totalmente diferente, isso porque lidamos com um dinheiro que não é nosso, não importa o valor, se são alguns parcos reais ou uma quantia vultuosa, deve haver um controle rigoroso.
Primeiro temos a questão espiritual, Deus coloca no coração do dizimista a vontade de devolver uma parte da sua renda para a igreja, então esse valor que entrou para o caixa da entidade deve ser tratado como sagrado, fruto da ação de Deus no coração do dizimista.
Depois temos a questão legal, como já dito no artigo anterior, a igreja é uma associação privada, não tem finalidade de lucro, mas está obrigada a se inscrever no CNPJ, cumprir a legislação trabalhista, previdenciária, fiscal e contábil.
E ainda temos a questão social, a igreja é um coletivo de pessoas, onde devem existir regras e uma hierarquia, sempre com vistas ao seu crescimento como entidade, assim é necessária que haja transparência nas suas finanças e um bom testemunho perante a sociedade.
O Papel da Tesouraria na Igreja
Hierarquicamente falando, na forma dos seus estatutos, a igreja deve ser dividida em departamentos, cada qual com sua responsabilidade, e a tesouraria é um deles, que tem a missão estatutária de cuidar das finanças da igreja.
Apenas cuidar das finanças da igreja é um termo muito genérico, o departamento, na pessoa do tesoureiro e seus auxiliares, precisa planejar os seus atos de forma a colher os melhores resultados possíveis e ajudar a instituição a cumprir sua missão.
Obviamente que os tópicos podem variar de instituição para instituição, mas no mínimo a tesouraria da igreja precisa fazer o seguinte:
Gestão Financeira
A tesouraria é responsável por gerenciar todas as transações financeiras da igreja, incluindo receitas (como doações, dízimos e ofertas) e despesas (como salários, contas de serviços públicos, manutenção de instalações e programas da igreja).
Planejamento Orçamentário
Em conjunto com os demais departamentos, tesouraria da igreja deve prever receitas e despesas, desenvolver e monitorar o orçamento anual da entidade.
Essa previsão de receitas e despesas deve estimar as entradas e planejar como os fundos serão alocados para atender às necessidades da igreja, como salários de funcionários, despesas operacionais, ministérios e obras sociais.
Rotinas Fiscais
A tesouraria deve garantir que a igreja cumpra todas as leis e regulamentos fiscais relacionados às suas atividades financeiras.
Isso inclui o pagamento de impostos, a apresentação de relatórios contábeis exigidos pelas autoridades fiscais e o cumprimento de todas as obrigações legais relacionadas à contabilidade e transparência financeira.
Contabilidade
A tesouraria é responsável por manter registros precisos de todas as transações financeiras da igreja e preparar relatórios financeiros regulares.
Esses relatórios fornecem informações importantes sobre o estado financeiro da igreja, incluindo receitas, despesas, saldos de contas e variações em relação ao orçamento.
Gestão de Ativos Financeiros
Cabe também à tesouraria a gestão de ativos financeiros da igreja, como investimentos, reservas de caixa e propriedades.
Isso pode envolver tomar decisões sobre onde investir os fundos da igreja para maximizar retornos financeiros e garantir a estabilidade financeira a longo prazo.
Em síntese, a tesouraria de uma igreja é responsável por garantir uma gestão financeira eficaz, transparente e responsável, apoiando assim a missão e os objetivos da igreja.
O que Precisa Ser Feito na Prática?
Tudo que relatamos até agora tem uma pegada mais teórica, e na prática, o que é preciso fazer para que a tesouraria contribua de fato com o crescimento da igreja?
Um dos primeiros passos a ser dado no sentido de realmente ter o controle das finanças da igreja é fazer o registro efetivo dos recebimentos de dízimos e ofertas, quem dizimou, quanto dizimou, quando e referente a qual período.
Neste artigo Como Registrar e Contabilizar Corretamente Dízimos e Ofertas, traçamos uma rota bem definida de como as igrejas podem proceder para ter um controle efetivo dos recebimentos de dízimos e ofertas, vale a pena a leitura.
Quando se registra de forma bem definida as receitas, é possível criar uma série histórica, quanto mais tempo de registros a entidade possuir, mais fidedigno serão os seus levantamentos.
Assim, o tesoureiro e sua equipe têm que ter em mente, que não é registrar por registrar, é buscar o controle efetivo, a consistência dos saldos de caixa e bancos, com lançamentos condizentes com a realidade e a construção da série histórica para planejamentos futuros.
O segundo passo é o efetivo controle dos pagamentos das obrigações da instituição, sejam impostos e taxas, prebenda e salários, despesas de água, luz, telefone, internet e materiais de consumo.
Todos os pagamentos devem ser registrados e separados de acordo com a sua categoria, é importante salientar que a instituição precisa de documentos idôneos para garantir a efetividade dos registros.
Neste outro artigo Contabilidade Regular para Igrejas trazemos bastante informação sobre pagamentos, documentação e os cuidados necessários para o registro das despesas.
O efetivo registro das entradas e saídas propicia um controle seguro dos saldos de caixa e bancos, visto que as receitas e mesmo os pagamentos podem ser feitos em espécie, direto do caixa ou com recursos das contas bancárias, transferências, ted ou pix.
O que Precisa Ser Apresentado?
A dúvida de muitos tesoureiros é sobre qual documento apresentar para a diretoria, conselho fiscal e membros na hora das prestações de contas, nós aconselhamos sempre apresentar o balancete financeiro mensal.
Esse relatório, quando corretamente confeccionado, apresenta o saldo do mês anterior de todos os recursos da entidade, caixa, bancos e aplicações somado com todas as entradas e diminuído de todas as saídas, tendo como resultado o saldo final do mês em questão.
Como é um balancete financeiro, vai mostrar apenas as efetivas entradas e desembolsos, separadas por grupos de receitas ou despesas, o relatório pode mostrar o resultado do mês e ter uma coluna com o acumulado no ano, isso é excelente.
No próximo artigo desta série vamos falar sobre o planejamento financeiro e orçamentário, ferramenta ideal para todas as igrejas que desejam ter controle efetivo de suas finanças e planejar com sabedoria os seus investimentos.
No sistema Zeke, você pode contar com as ferramentas adequadas para fazer o controle efetivo da tesouraria da sua igreja e planejar o futuro com muito mais assertividade.